SOS Ansiedade - Dicas para a quarentena

Há dias, já em isolamento, uma pessoa com quem já não falava há algum tempo perguntou como é que eu estava a viver esta cena toda. Isto porque, pelos meus posts nas redes sociais, parecia que me estava a passar. Essa pessoa sabe que tive algumas lutas, duras, com ansiedade. Sabe porque também ela as teve e acabámos por falar disso numa base de partilha de experiências. Respondi-lhe que estava bem. Que tinha saudades da minha família, mas, fora isso, estava bem. Que adorava estar em casa.

Os primeiros 5 dias em isolamento foram duros. As incertezas eram muitas. Passava o dia a ver as notícias e tudo parecia mau. Houve dois dias em que não tirei o rabo do sofá. Estava demasiado assoberbada com tudo isto.

Foto do meu Instagram @vanessamaral__

Foto do meu Instagram @vanessamaral__

Não sou de ficar imóvel. Mesmo dentro de casa. Passados esses 5 dias voltei ao "normal possível". Fui trabalhar. Foquei-me nos meus projetos profissionais e pessoais, só que dentro de casa. Que grande chatice para quem adora estar em casa. Voltei a ler. Estou mesmo a acabar um livro que esteve durante 10 anos  à espera de ser lido. Aprendi a saltar à corda, ainda estou a aprender. Tenho um objetivo muito específico. E, faço exercício físico todos os dias. Sabem quando é que foi a última vez que fiz exercício físico TODOS os dias? Em 2003-2004. E a alimentação? Saudável, TODOS OS DIAS. Ao sábado, ao jantar, criámos uma nova tradição. Não podemos ir jantar fora com os nossos amigos, certo? Mas podemos fazer umas videochamadas e pedir Uber Eats ou Glovo. É a única refeição mais "gordinha". Temos feito isso todos os sábados desde que começou o isolamento. Novas tradições surgiram. Voltei a tocar na minha guitarra e no meu ukelele. Ainda estou a ganhar coragem para o bandolim. Esse precisa de uma atenção especial. Para resumir. Estou mais organizada e focada do que nunca. Estou feliz? Tou fechada em casa sem possibilidade de abraçar os meus. Claro que não estou feliz. Mas prefiro ver o copo meio cheio. Estou moderadamente feliz. E sim, sou daquelas pessoas mega irritantes que acham que vai ficar tudo bem. Sorry. Por isso, não percebi a conversa desta pessoa que assumiu, pelos meus posts, que eu estaria a bater mal.

Estive alguns minutos a processar esta interação até que me atingiu o porquê ou o possível porquê. Esta pessoa estaria a bater mal e viu ali oportunidade de desabafar. Acobardou-se quando percebeu que eu estava bem e não quis dar parte fraca. Quem nunca?

Não a vou julgar. Se não estão bem, é ok. Não pensem que são os únicos neste mundo. A ansiedade é algo muito real para quem a tem. É debilitante e incapacitante se não for devidamente "tratado". Há profissionais qualificados para nos ajudarem nestes momentos. Há amigos que passaram, e que passam, pelo mesmo, com quem podes conversar. Os amigos positivos. Aqueles que perceberam que isto faz parte da natureza humana e que é mais “chatinho” para uns do que para outros mas não é o fim do mundo. Aqueles que vivem isto como se de uma sentença de morte se tratasse... Evitem-nos, a sério. Ou tentem ajudá-los se percebem que há essa oportunidade. Há malta que não quer ser ajudada. E aí não há nada que se possa fazer. Tem de vir da pessoa.

Termino com um apelo. Procurem ajuda se não estão bem. Se estão ansiosos, tristes, sozinhos. Procurem ajuda. Não é fraqueza. É coragem. Infelizmente, a internet e as redes sociais pintam aquela imagem de perfeição. Quem nós vemos e seguimos, os nossos ídolos, raramente se apresentam como humanos de verdade, com problemas de verdade. É tudo perfeito. O que nos deixa ainda pior porque pensamos que somos incapazes e imperfeitos. Não é nada disso. Essas pessoas só mostram a parte gira, divertida e boa, o que na minha opinião está errado. Somos humanos. Peçam ajuda. Vão ver que ficam melhor. Só o ato de pedir ajuda é um alívio tão grande. Vão ver. Tentem.

Fiquem bem. Fiquem em casa.

Anterior
Anterior

📅 ONDE ME PODES ENCONTRAR ESTA SEMANA

Próximo
Próximo

🎮 Todos ao molhe mas cada um em sua casa