💔 AS MÉTRICAS DA VAIDADE

Muito triste ver pessoas, e até algumas marcas, a comprarem seguidores no Instagram. Não sei como é que a plataforma ainda permite este tipo de situações.

Aconteceu-me recentemente, estava numa call e uma pessoa começou a gabar-se do número de seguidores que tinha. Que já podia ser “influenciador(a)”. Fiquei com a pulga atrás da orelha e fui investigar a conta de Instagram da pessoa em questão. Tinha 25k em seguidores. Estranhei, mas fui analisar o conteúdo. Cada conteúdo tinha, em média, 40 likes e quase nunca tinha comentários. Estranho, não é? Com o passar dos dias, os seguidores foram descendo. É o que acontece nestes casos em que se compram seguidores. Porque são pessoas de verdade. Entram na hora da compra, mas depois percebem que não gostam ou não se identificam com o conteúdo e bazam. Mas bazam em massa. Esta pessoa estava a perder 200, 300 seguidores por dia. Deixei de acompanhar por uns tempos, mas a última vez que tinha visto estava a rondar os 19k. Hoje, porque voltei a ter um breve contacto com essa pessoa nas redes, lembrei-me de ver novamente. Qual não é o meu espanto quando vi que tinha... 32k!

Pessoas, as marcas já vão percebendo estas coisas e nunca irão trabalhar convosco. Sorry. Ser influenciador não é uma profissão. És influenciador porque crias conteúdo relevante para uma determinada audiência que se identifica contigo, com os teus valores e valoriza o teu trabalho, aquele que é mesmo trabalho. E, se o fizeres bem, talvez as marcas queiram trabalhar contigo. Talvez. 

A premissa está errada. “Eu quero ser influenciador(a)”. Já te perguntaste porquê? Porque queres receber produtos das marcas? Mas porquê? Para dares aquele flex? Mas porquê? Precisas de te sentir mais do que os outros? Mas porquê? Tudo questões pertinentes e que devem ser tratadas com profissionais qualificados porque a falta de amor próprio e a constante comparação não são saudáveis. E, marcas? As marcas têm um papel na sociedade. Ajudem a não perpetuar este comportamento. Porque é que o KPI tem de ser ter mais seguidores que o vizinho do lado? Isso diz zero sobre o envolvimento que as pessoas têm com a marca. Ainda mais, se esse KPI for conquistado pela compra de seguidores/likes ou usando outros truques baratos como os passatempos. Sim, malta, os passatempos fazem o mesmo efeito que a compra de seguidores.

Crescimento orgânico é bom. Crescimento orgânico é maravilhoso. Antes uma comunidade pequena que gosta de nós ou da nossa marca do que milhares de fantasmas que não falam, não interagem, alguns desconfio que nem respirem sequer. Para não falar que o próprio Instagram, o mesmo que permite que se comprem seguidores, quando deteta que o conteúdo tem pouca interação, ainda o enterra mais. Ou seja, dá-lhe ainda menos visibilidade. Não é um bom sítio para "tratar" falta de auto-estima.

Artigo originalmente publicado no meu Linkedin.

Vanessa Amaral