Domingos e ansiedades, uma semana depois.

Após o meu post da semana passada fui inundada de comentários empáticos de pessoas que se identificam com o que escrevi e passam pelo mesmo que eu. Sabia que não estava sozinha com este sentimento, não sabia que seríamos tantos e tantas com este sentimento.

O que me fez mais confusão depois deste desabafo foram as mensagens privadas de pessoas com medo que se saiba da sua situação. Pergunto, medo do quê? E, depois lembro-me de alguns comentários e mensagens privadas que recebi, de pessoas que me disseram que isso resolve-se com umas chapadas na cara, ou um simples banho de espuma. Que o que sinto, eu e pelos vistos muitas outras pessoas, são “os macaquinhos na minha cabeça”, que os meus pais me deviam ter feito mais isto ou mais aquilo. E, pior, questionarem a minha capacidade de funcionar enquanto pessoa e profissional.

Lembrei-me destas interações, menos felizes, e percebi o porquê de ainda tanta gente ter vergonha que se saiba que tiveram um burnout e que precisaram, ou precisam de ajuda psicológica ou psiquiátrica. Em pleno século XXI ainda há quem faça escárnio e descredibize a saúde mental. Um senhor, muito sábio, disse-me um dia que era o mesmo que ir ao dentista fazer higienização oral, que todos nós devíamos, de vez em quando, fazer higienização mental. Não temos problemas em ir ao dentista mas para muitos é um problema enorme ir a um psicólogo ou um psiquiatra.

Para quem julga, faz escárnio ou descredibiliza a saúde mental, poor unfortunate souls. Provavelmente, também precisam de ajuda, espero que a encontrem. Para os restantes, stay strong. Não há vergonha nenhuma em pedir ajuda. Não há vergonha nenhuma em ser ajudado. Um dia já fomos uma comunidade que se ajudava e se preocupava com o bem estar do vizinho. A dita “evolução” atirou-nos para o nosso próprio umbigo, para o individualismo, e para as ideias de sucesso e competição que tanto danificam a nossa relação uns com os outros e connosco.

Não vos conheço a todos mas espero, de coração, que encontrem o vosso equilíbrio, o vosso bem-estar. Que procurem ajuda sem medos, sem vergonhas. Tenham orgulho de terem chegado à conclusão sobre o que precisam. Não vos conheço a todos mas espero que sejam empáticos uns com os outros, que estendam a mão, contra mim falo que também tenho um umbigo. Estendamos a mão a quem precisa, sem julgamentos, sem pedir nada em troca. Que sejamos, um dia, a comunidade empática e em prol dela mesma, que um dia já fomos.

Desculpem a dissertação. Deixei-me levar.

Boa semana a tod@s.

Artigo originalmente publicado no meu Linkedin.

Vanessa Amaral